Você já deve ter feito a experiência de esfregar a ponta de uma caneta num tecido e com ela atrair e levantar fios de cabelo e pedacinhos de papel. O mesmo acontece se você pentear o cabelo.
Também já sabe o que ocorre quando levanta uma capa plástica de livro e a aproxima do braço ou do cabelo (os pêlos ficam eriçados). Aprendeu, provavelmente, na escola que isso se deve ao fenômeno da eletricidade estática. O que poucas pessoas lembram é como isso pode afetar e até destruir computadores, chips de memória e outros componentes eletrônicos. Basta uma descarga de 30 Volts para danificar elementos mais sensíveis. Em geral, quase todos eles podem ser literalmente “torrados” com uma descarga de mil Volts.
Simplesmente caminhando sobre um carpete, você está acumulando uma carga de eletricidade estática acima de 35 mil Volts (em dias secos), ou de pelo menos 2 mil Volts (em dias úmidos). Em pisos de vinil, os números são de respectivamente 12 mil e 400 Volts. Mesmo que fique sentado(a) numa cadeira, a carga de eletricidade estática provavelmente já está acima de 18 mil Volts, valor igual ao de quando você segura um copo plástico de café.Mais de 5 mil Volts estão envolvidos na manipulação de uma simples fita adesiva, enquanto a capa plástica de arquivos ou livros apresenta uns 8 mil Volts. E você só começa a sentir alguma coisa diferente quando a carga em seu corpo já está acima de 3.500 Volts, mil vezes maior que a necessária para causar danos ao micro.
Por que você mesmo(a) não sente toda esta voltagem?
Primeiro, devido à baixíssima amperagem, muito menor que a encontrada na rede elétrica de sua casa. Isto é, o problema não é a carga elétrica em si, mas a rapidez com que ela é transferida de/para seu corpo. O choque é o resultado da transferência rápida de cargas elétricas, como quando você encosta em fios energizados e desprotegidos.
Repare como muitos eletricistas tocam num fio elétrico energizado e continuam trabalhando normalmente: o choque é muito fraco porque eles não estão fazendo grande transferência de cargas, já que não tocam simultaneamente no outro fio e usam sapatos que isolam o corpo do chão.
Pela mesma razão, os passarinhos nada sentem ao pousarem nos fios de alta tensão, entre os postes da rua: a distância entre os fios impede que os pássaros toquem em dois fios de cargas elétricas diferentes e criem o curto-circuito.
Como os microcircuitos trabalham com quantidades mínimas de energia, precisam ser altamente sensíveis à variação da Voltagem. Por isso, a carga eletrostática de seu corpo, ao ser transferida para esses circuitos, provoca grandes danos, mesmo que você não encoste neles. Da mesma forma como o raio transfere energia entre a nuvem e o solo, a proximidade do seu corpo com o chip pode provocar pequenas faíscas elétricas que você até nem percebe, ou mesmo a formação de um campo elétrico contrário na placa eletrônica (é a chamada indução elétrica).
No jargão dos especialistas internacionais em eletricidade, Zap significa golpe definitivo, queima completa dos componentes por cargas eletrostáticas; Zip - ou Zing - é um golpe parcial de cargas eletrostáticas nos componentes (bastam para o Zing 25% da Voltagem que causaria o Zap). Não são siglas, mas sim onomatopéias originadas das histórias em quadrinhos (isto é, palavras que o leitor associa a sons como os de um raio, por exemplo).
Os especialistas dizem que um componente “zapiado” é o que foi completamente queimado por uma carga eletrostática, enquanto o componente “zingado” é o que passa a apresentar, após a descarga, defeitos intermitentes.
Em média, 10% dos componentes são zapiados (totalmente queimados) e 90% zingados, quando atingidos por descargas eletrostáticas. Se o componente é zapiado, simplesmente não funciona mais, e isso é facilmente percebido. O pesadelo dos eletrotécnicos é quando o componente é zingado apenas, pois ele até passa nos testes elétricos, mas pode apresentar falhas - causadas por vibrações, variações de temperatura ou de carga elétrica - seis dias, seis semanas ou mesmo seis meses depois...É muito fácil evitar as descargas eletrostáticas. Não dá trabalho algum, é só uma questão de cuidado.
Ao lidar com componentes eletrônicos, evite utilizar roupas de lã, caminhar sobre carpetes ou estar diretamente exposto ao vento, principalmente nesta época do ano, onde a umidade relativa do ar é bem baixa.
Nunca toque em componentes eletrônicos ao sair de um veiculo em movimento, para se certificar que não há risco de descarga, toque em qualquer parte de metal. O mesmo se aplica ao trabalhar com computadores, sempre que necessário acessar os componentes internos de um micro, toque primeiramente no gabinete de metal. Técnicos que trabalham freqüentemente na montagem e manutenção, utilizam pulseiras anti-estáticas conectadas ao gabinete do PC ou qualquer outro ponto de aterramento. Existem também os “pads”, que são utilizados como tapetes e evitam o risco de descargas.
Um problema muito comum são chips de câmeras e MP3 players, que são altamente sensíveis a variações elétricas. Antes de manuseá-los, toque em qualquer tipo de metal, se não for possível, certifique-se de tocar apenas nas partes plásticas.
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